O presidente colombiano, Gustavo Petro, afirmou no sábado (18) que os Estados Unidos violaram o espaço marítimo de seu país e mataram um pescador durante uma mobilização militar no Caribe, apresentada como uma operação contra o narcotráfico.
O presidente colombiano, Gustavo Petro, afirmou no sábado (18) que os Estados Unidos violaram o espaço marítimo de seu país e mataram um pescador durante uma mobilização militar no Caribe, apresentada como uma operação contra o narcotráfico.
A ação, que mobilizou sete navios e caças, foi descrita por Washington como parte do combate ao narcotráfico no Mar do Caribe, onde os Estados Unidos realizaram pelo menos seis ataques desde o início de setembro, resultando em ao menos 27 mortes.
Petro denunciou a violação do espaço marítimo colombiano e o assassinato de um pescador durante essas operações.
“Funcionários do governo dos EUA cometeram um assassinato e violaram a soberania de nossas águas territoriais”, criticou o presidente. “O pescador Alejandro Carranza não tinha ligação com o narcotráfico; sua atividade diária era a pesca”, insistiu Petro, referindo-se à vítima. “O barco colombiano estava à deriva e ativou o sinal de falha devido a um problema no motor. Estamos aguardando uma explicação do governo dos EUA”, acrescentou.
Venezuela é alvo dos americanos
Alejandro Carranza teria morrido durante um dos ataques dos EUA em meados de setembro, enquanto pescava nas águas do Caribe colombiano, segundo o depoimento de um amigo próximo, compartilhado por Petro na rede social X.
“Alejandro Carranza é pescador, crescemos em famílias de pescadores (…) não é justo que o tenham atacado dessa maneira. Ele era um inocente que saía para garantir o pão de cada dia”, disse Audenis Manjarres, em mensagem transmitida pela emissora pública colombiana RTVC Noticias. Ele também afirmou que os pescadores deixaram de sair ao mar por medo de serem bombardeados.
Bogotá denunciou essa mobilização dos EUA no Caribe, que tem como alvo principal a Venezuela.
O então presidente americano, Donald Trump, acusou Nicolás Maduro de liderar uma vasta organização de tráfico de drogas para os Estados Unidos. As autoridades venezuelanas negam veementemente e afirmam que Washington busca impor uma mudança de regime em Caracas e confiscar as significativas reservas de petróleo do país.
A legalidade dos ataques contra suspeitos que não são interceptados nem interrogados, em águas estrangeiras ou internacionais, também é motivo de debate nos Estados Unidos. Em setembro, Petro convocou, durante a Assembleia Geral da ONU, “processos criminais” contra Trump, em resposta a esses ataques militares.
Submarino de drogas
No sábado, Gustavo Petro anunciou que outro cidadão colombiano, de 34 anos, que sobreviveu a um ataque americano em outubro contra um submarino acusado pelos Estados Unidos de transportar drogas no Mar do Caribe, havia retornado ao país.
“Recebemos com satisfação o colombiano preso no narcossubmarino. Estamos felizes por estar vivo e ele será julgado conforme as leis”, declarou o presidente. “Ele chegou com ferimentos na cabeça, sedado, medicado e em suporte de vida”, informou o ministro do Interior, Armando Benedetti.
Donald Trump havia indicado, no sábado, que quatro “narcoterroristas” estavam a bordo do submarino e que dois haviam sido mortos, explicando que os dois sobreviventes deveriam ser devolvidos aos seus países de origem, Colômbia e Equador.
Trump afirmou que, segundo os serviços de inteligência dos EUA, o submersível “estava carregado principalmente com fentanil e outras drogas ilegais”. Washington não revelou o ponto de partida do submarino. Semissubmersíveis construídos em estaleiros clandestinos têm sido usados há anos para transportar drogas da América do Sul, especialmente da Colômbia.
RFI e AFP
Fonte: Site Oficial Terra