Nessas histórias para contar ao pé do ouvido, tem chapéu que viaja, barco que acaricia o mar e outras tantas sobre lugares distantes e tempos remotos.
Fundada em parceria com a editora argentina AZ, em 2025, a Caxinguelê chega ao mercado de livros infantis e infantojuvenis com títulos instigantes que valorizam linguagem, formato e conteúdo. Mas como a nossa pegada por aquié o pé na estrada, fuçamos o catálogo dessa editora brasileira para encontrar os livros para os pequenos (e grandes também) que gostam de viajar.
E, no final, a gente se dá conta de que viagens, assim como as histórias, são “pequenos momentos que são tudo”, como diz um dos trechos do belo “O Chapéu Viajante”, de Luciano Saracino, que acaba de ganhar tradução para o português.
Entre as novidades estão títulos como “Minha Grande Viagem ao Espaço” (Jó Rivadulla), diário de uma daquelas viagens feitas com um… aquário; o poético “A Concha Me Contou” (Adrián Yeste e Gina García), uma viagem “linear e circular” pelo mundo marinho; e o impactante “O Chapéu Viajante”, sobre os chapéus que marcaram a vida do ilustrador Poly Bernatene.
“A ideia é que essa relação funcione como uma via de mão dupla, em que possamos beber do catálogo da AZ, uma espécie de irmã mais velha, bem mais velha, com 50 anos, e que eles possam beber do catálogo da Caxinguelê, e publicar nossas obras lá”, conta para o Viagem em Pauta o editor Eduardo Kruel Rodrigues, cuja parceria com a editora argentina começou em 2022, no Fórum de Editores Educacionais da América Latina, parte da International Publishers Association (IPA).
Rodrigues, cujo nome de sua editora é uma homenagem ao serelepe esquilo brasileiro, também contou para a reportagem que as obras de autores nacionais só serão lançadas no Brasil, em 2026.
Títulos já disponíveis para crianças viajantes
FANTASMAN
Jó Rivadula
Esse foi o livro que deu origem à parceria entre as duas editoras, quando o editor da Caxinguelê, em uma viagem a Buenos Aires, mencionou a intenção de adquirir os direitos para publicá-lo no Brasil.
“Que tal fazermos diferente? Vamos fazer esse projeto juntos?”, propôs, na época, Ramiro Villalba, da AZ.
Em tons que remetem a sonhos, “Fantasman” conta a jornada da menina Sofi que, após perder o avô, para quem segue escrevendo cartas, ganha um amigo invisível que percorre com ela florestas selvagens, cavernas escuras e rios profundos.
O destaque é a impressão com uma técnica que permite ao leitor encontrar Fantasman, escondido em cada uma das páginas, através do toque ou do movimento do livro.
A CONCHA ME CONTOU
Adrián Yeste / Gina García
Essa breve viagem tem o mar como cenário, onde uma onda de acontecimentos vai se entrelaçando numa espécie de “caracoleo”, como o cachorro que espanta gaivota, que despenteia o menino, que solta o balde.
As cores neutras e vibrantes das ilustrações de Gina Garcia dialogam com o tom poético do texto circular de Adrián Yeste.
“Um grande desafio foi ilustrar um texto com tanto poder visual e que brinca com a repetição, sem se tornar redundante. Por isso, utilizei recursos para criar ‘postos narrativos’, de modo que, em cada página, se observado com atenção, seja possível prever qual personagem será o próximo protagonista”, descreve García, em depoimento para o Viagem em Pauta.
As manchas e as texturas são as principais características de seus trabalhos, “não posso consentir em desenhar e pintar sem esses elementos.”
MINHA GRANDE VIAGEM AO ESPAÇO
Jó Rivadula
Em forma de diário de bordo, o livro traz a história de Carlos, funcionário da Agência Espacial que é convocado para uma jornada intergaláctica com a missão de salvar a humanidade.
O destaque da obra é o equilíbrio entre suspense, ciência e humor, em meio a páginas de grande formato com simpáticas criaturas que vão cruzando a viagem do protagonista.
“Entrei numa nova dimensão. Nela, o vazio tinha cores e as estrelas se moviam em bandos, como pássaros.”
trecho de “Minha Grande Viagem ao Espaço”
MARINA MARAVILHA
Matías Moscardi
Para os leitores maiorzinhos (e iniciados no mundo dos livros), esse romance, uma homenagem aos clássicos da literatura de aventura, conta a história de uma menina que “gostaria de escrever um romance à altura de seu sobrenome, um romance maravilhoso”.
Marina Maravilha é apaixonada por livros e questiona por que as heroínas da ficção não contam suas próprias histórias, e é daí que a menina embarca numa viagem pela arte da escrita (e por cenários fantásticos), após conhecer o mestre Katsumoto Hagakure.
O escritor britânico J. M. Barrie, criador de “Peter Pan”, e Lewis Carroll, autor do clássico “Alice no País das Maravilhas” são alguns dos homenageados por Moscardi.
O CHAPÉU VIAJANTE
Luciano Saracino / Poly Bernatene
Assim como os chapéus de copas e abas, as viagens também são como um baú com espaço para a gente guardar tudo o que quiser.
Neste livro de paralisantes ilustrações surrealistas, o pequeno viajante encontra diferentes histórias curtas que têm o chapéu como principal tema, desde sua invenção até referências clássicas como Peter Pan e o Capitão Gancho.
“Há chapéus que abrem os olhos da infância.”
trecho de “O Chapéu Viajante”
Cinéfilo desde cedo, o ilustrador Poly Bernatene traz para a história central chapéus que marcaram sua vida, numa “homenagem a muitos desses personagens que me influenciaram pelo cinema, além de serem de épocas em que o uso de chapéus era mais comum”, conta para a reportagem.
Além do cinema, Bernatene se inspirou também na literatura, em personagens como Peter Pan, Sherlock Holmes, Alice no País das Maravilhas, e artistas como Van Gogh e Magritte.
“A intenção sempre foi gerar intertextualidade com as imagens, para que os leitores, independentemente da idade, continuem investigando e rastreando histórias além do livro”, diz.
* Esta é uma publicação espontânea do editor do Viagem em Pauta e não tem nenhum vinculo comercial ou editoral com a Caxinguelê.
Fonte: Site Oficial Terra
