O primeiro dia da Pré-COP30, em Brasília, reuniu ministros, diplomatas e representantes de dezenas de países para debater os próximos passos da política climática global antes da COP30, que será realizada em novembro em Belém.
O encontro, considerado uma espécie de aquecimento diplomático para a conferência principal, foi marcado por promessas ambiciosas do governo brasileiro, anúncios de novas iniciativas financeiras e pela ausência dos Estados Unidos, que ainda não confirmaram presença no evento principal.
Durante a cerimônia de abertura, o presidente em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), reafirmou o compromisso do país de alcançar desmatamento ilegal zero até 2030. Ele destacou que, nos últimos dois anos e meio, o Brasil conseguiu reduzir em quase 50% o desmatamento na Amazônia, resultado de políticas de fiscalização, incentivo à bioeconomia e recuperação florestal.
Alckmin também anunciou que o governo pretende ampliar a recomposição de áreas degradadas com recursos do Fundo do Clima, reforçando o compromisso com uma economia de baixo carbono.
“Estamos mostrando que é possível crescer e reduzir emissões ao mesmo tempo. A meta de desmatamento ilegal zero até 2030 é um compromisso que o Brasil vai cumprir”, afirmou o presidente em exercício. Segundo ele, mais de 80% da matriz elétrica nacional já é renovável, o que coloca o país em posição de destaque nas negociações internacionais sobre transição energética.
A meta também reforça o discurso do governo de que é possível conciliar crescimento econômico, inclusão social e preservação ambiental.
Durante o evento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou três iniciativas que devem compor a “Agenda de Ação” da COP30, voltadas a criar instrumentos financeiros que viabilizem a transição verde.
A primeira é o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que busca garantir financiamento contínuo a países com grandes áreas de floresta tropical, substituindo o modelo de doações pontuais por aportes de investimento de longo prazo.
A segunda proposta é a Coalizão Aberta para Integração dos Mercados de Carbono, que pretende harmonizar regras e permitir que diferentes sistemas de créditos de carbono possam operar de forma interligada.
Já a terceira é a criação de uma “supertaxonomia”, voltada à padronização dos critérios de sustentabilidade usados pelo setor financeiro. O objetivo é dar mais transparência aos investimentos verdes e atrair capital privado para projetos sustentáveis.
Haddad afirmou que as iniciativas representam um avanço na diplomacia econômica ambiental e “traduzem, de forma prática, o que o Brasil tem defendido: cooperação, inovação e escala para transformar ambição em resultados concretos”.
O ministro antecipou que as propostas serão apresentadas nesta semana nos encontros do Banco Mundial e do FMI, em Washington, antes de seguirem para o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30.
Apesar do tom positivo do governo, o evento foi marcado por uma ausência notável. Segundo Corrêa do Lago, os Estados Unidos ainda não sinalizaram o envio de uma delegação para a COP30. A participação norte-americana seria importante nas negociações sobre financiamento climático e metas de redução de emissões.
“Não há, até o momento, indicação de participação dos Estados Unidos. O convite está aberto a todos os países, mas seguimos sem resposta de Washington”, afirmou o diplomata. Mesmo assim, ele avaliou positivamente o encontro, que reuniu representantes de cerca de 65 países e reforçou o alinhamento em torno da defesa do multilateralismo e do financiamento de ações de adaptação climática.
A realização da Pré-COP no Brasil foi vista como uma oportunidade de consolidar a imagem do país como protagonista nas discussões ambientais globais. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aposta na COP30, a primeira a ocorrer na Amazônia, como um marco simbólico da retomada da liderança brasileira na agenda climática.
A ideia é de que o evento em Belém una compromissos concretos de redução de emissões e propostas de justiça climática, equilibrando a cobrança por metas com o financiamento de ações sustentáveis em países em desenvolvimento.
O evento em Brasília termina nesta terça-feira (15).
Fonte: Site Oficial CNN Brasil