Nem toda marca é tão premium quanto você imagina – ou quanto querem que você pense. O novo estudo de Felipe Munoz, analista do perfil Car Industry Analysis, revela uma hierarquia global das fabricantes de automóveis que coloca cada uma no seu devido lugar, da elite do luxo absoluto até o popular de entrada. E o resultado pode surpreender muita gente.
Afinal, Fiat e Citroën não estão no mesmo patamar de Volkswagen e Renault, por exemplo. Assim como BYD, Chery e Haval ainda não alcançaram o nível de sofisticação da Zeekr, divisão de luxo e alta tecnologia do grupo Geely. E, para completar, a Tank – marca do grupo chinês GWM – aparece acima da Jeep, o que dá uma boa noção de como o mercado global vem mudando.
Outro exemplo: se no Brasil, a Ram tenta se posicionar como “marca premium”, ao nível de uma Audi, BMW ou Mercedes, na classificação do renomado especialista Felipe Munoz a Ram está no mesmo nível da Jaecoo, da Nissan e da Peugeot, como Ford e Chevrolet. No ranking abaixo, marcamos em negrito as marcas presentes no Brasil.
Pirâmide global das marcas automotivas – do luxo ao popular
A – Luxo e Luxo Esportivo
- Luxo: Bentley, Maybach, Rolls-Royce, Yangwang
- Luxo esportivo: Aston Martin, Bugatti, Ferrari, Koenigsegg, Lamborghini, McLaren, Pagani
No topo da pirâmide estão as grifes que combinam exclusividade, desempenho e status. São as marcas que fazem carros para bilionários – símbolos de poder e opulência, com produções artesanais e preços que ultrapassam facilmente a casa dos milhões. Portanto, Ferrari e não Porsche não são concorrentes.
B – Premium e High Tech
- Premium: Audi, BMW, Cadillac, Genesis, Land Rover, Lexus, Lincoln, Maserati, Mercedes-Benz, Porsche, Volvo
- High Tech: Avatr, Li Auto, Nio, Tesla, Xpeng, Xiaomi, Zeekr
As marcas premium representam tradição e luxo moderno, enquanto as high tech simbolizam o novo prestígio tecnológico – elétrico, conectado e minimalista. Nesse cenário, a Zeekr desponta como a mais avançada entre as chinesas, rivalizando com Tesla e superando nomes já consolidados no segmento, como a BYD.
C – Semipremium e Nicho esportivo
- Semipremium: Alfa Romeo, DS, Jaguar
- Nicho esportivo: Abarth, Alpine, Morgan, Rimac
Aqui estão as marcas que apostam na emoção e design, com públicos fiéis e volumes menores. As semipremium, como Alfa Romeo e DS, misturam elegância e esportividade, enquanto as esportivas de nicho – Abarth, Alpine, Morgan e Rimac – entregam desempenho e exclusividade em produções limitadas. Segundo Felipe Munoz, a Alfa Romeo e a Jaguar foram rebaixadas porque estão com o futuro ameaçado.
D – Populares Superiores (Mainstream Super)
- Aion, Buick, Exeed, Tank, Hyper, Lynk & Co, Wey, Chrysler
Entre as populares superiores, destacam-se as novas marcas chinesas de qualidade crescente – como Aion (GAC) e Tank (GWM) – que superam em acabamento e tecnologia nomes tradicionais como Chrysler e Buick. Elas mostram como a China está redefinindo o conceito de carro médio com mais luxo e sofisticação. A Wey estreia este mês no Brasil como nova marca “de luxo” da GWM; mas não é de luxo, como vemos.
E – Populares (Mainstream)
- Baojun, BYD, Changan, Chery, Chevrolet, Dodge, Ford, GAC, Geely, Haval, Honda, Hyundai, Jaecoo, Jeep, Kia, Lancia, Mazda, Maxus, MG, Mini, Mitsubishi, Nissan, Omoda, Opel, Peugeot, Ram, Renault, Skoda, Smart, Subaru, Suzuki, Toyota, Volkswagen
Este é o coração do mercado mundial – as marcas mais populares e acessíveis, com presença em todos os continentes. Aqui estão gigantes como Toyota, Volkswagen, Honda e Chevrolet, lado a lado com chinesas em ascensão, como BYD, Chery, Omoda e Haval. É a faixa mais disputada do planeta, onde tradição e inovação se encontram. Mas, entenda, Mini, Jeep e Ram não são marcas premium.
F – Populares de Entrada (Entry Mainstream)
- Citroën, Dacia, Daihatsu, Foton, Fiat, Great Wall, Iveco, JAC, Mahindra, Ora, Seres, Isuzu, Tata
As marcas de entrada priorizam custo-benefício e simplicidade. Note que Ora, divisão elétrica da GWM, ainda está nesse degrau, abaixo da própria Haval, o que mostra como o grupo chinês tem divisões bem distintas em proposta e preço. Fiat e Citroën também aparecem aqui, no mesmo patamar da JAC, reforçando seu foco em carros urbanos e acessíveis. E isso não é demérito, basta ver o sucesso da gloriosa Fiat, marca número 1 do Brasil, patricamente imbatível no mercado nacional.
G – Baixo Custo e Velha Tecnologia
Na base da pirâmide estão as marcas voltadas a mercados emergentes, com veículos simples e de baixo preço. São as opções mais acessíveis, mas também as mais distantes em tecnologia e conforto. A russa Lada, por exemplo, já fez grande sucesso no Brasil com o SUV 4×4 Niva, um verdadeiro “tratorzinho”.
Uma nova ordem global
O estudo de Felipe Munoz deixa claro que o prestígio das marcas está longe de ser apenas uma questão de tradição. As chinesas avançam rapidamente, ocupando posições antes dominadas por europeias, japonesas, coreanas e estadunidenses. Enquanto isso, marcas consagradas tentam se reinventar num cenário cada vez mais tecnológico e competitivo.
Em resumo: o mundo automotivo está se reorganizando – e talvez aquela marca que você achava “de luxo” seja, na verdade, apenas “popular com bom marketing”.
Fonte: Car Industry Analysys
Fonte: Site Oficial Terra
