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Andrés Sanchez e diretor do Corinthians são denunciados pelo MP em caso de cartões corporativos

Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, e Roberto Gavioli, diretor financeiro do clube, foram denunciados pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) por crimes de apropriação indébita e lavagem de dinheiro. André ainda está sob suspeita falsidade de documento tributário. Há também pedido de constituição do crédito tributário em relação a Andrés Sanchez por causa de acréscimos patrimoniais ilícitos.

A informação foi divulgada nesta quarta-feira, 15, pelo promotor Cássio Roberto Conserino, responsável pela apuração de supostos gastos indevidos no clube entre 2018 e 2025, em entrevista coletiva no Fórum da Barra Funda. André e Gavioli deverão ressarcir o clube em R$ 480 mil, por apropriação indébita, além de valores por danos morais.

“Trata-se de denúncia com dois crimes antecedentes: apropriação indébita de cartões corporativos, falsidade de documentos fiscais e tributários. E há a possibilidade de, na frente, haver crime de sonegação fiscal”, afirmou.

Em agosto, a juíza Marcia Mayumi Okoda Oshiro, que integra a 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores, atendeu a um pedido do MP-SP e autorizou a quebra de sigilo dos cartões de crédito corporativos do Corinthians. A magistrada também autorizou a quebra do sigilo do Oliveira Minimercado, estabelecimento suspeito de emitir notas frias ao clube. A empresa tenta impedir a medida judicial por meio de habeas corpus.



Andrés Sanchez foi denunciado no Ministério Público em investigação a respeito do uso de cartões corporativos do Corinthians.

Foto: Helvio Romero/Estadão / Estadão

“O cartão empresarial do Corinthians era utilizado como se fosse privado. E um dos denunciados passou a se utilizar do cartão como se fosse proprietário. Não é necessário perspicácia para saber que um cartão corporativo não é utilizado numa drogaria, hospital de ponta ou duty free. Esse dinheiro é do Corinthians e não de quem ocupava o cargo à época”, detalhou o promotor.

“A ausência de regramento do estatuto sobre o uso desse cartão não induz o uso desse cartão. A lei proíbe apropriação indébita, mas o próprio estatuto prevê a aplicação do ordenamento jurídico em caso de omissão.” A ação ocorreu após um pedido da promotoria de que o clube demorou para enviar os documentos solicitados.

Segundo o promotor, Andrés fez compras de relógios em lojas de artigo de luxo, roupas em lojas de grife, compras em postos de combustível e por aplicativos de smartphone. “É difícil não falar com emoção, chegar aqui e ler as laudas. Estou abrindo a víscera da investigação e submetendo ao pleito da sociedade da qual a gente é investigador.

“Se não estivermos em face somente da apropriação indébita em nome do clube, estaríamos falando de apropriação indébita agravada. Mas deram um passo à frente, estamos falando de crime econômico.”

“Gavioli tinha o dever de impedir o resultado e garantir o bem jurídico. Verificar a pertinência do valor gasto na nota fiscal. Era obrigado a confeccionar relatório para apresentar aos órgãos internos e prestar contas. Em interrogatório, disse que não tinha o dever de fazer investigação. Por isso ele também ingressou na qualidade de codenunciado.”

O promotor informou que, agora, o MP vai se debruçar sobre as notas fiscais do ex-presidente Duílio Monteiro Alves. Denilson Grilo, motorista do ex-presidente, será ouvido em oitiva no próximo dia 23.

Entenda o caso

A investigação do MP-SP sobre gastos indevidos no Corinthians teve início em agosto deste ano após reportagem do GE indicar movimentações suspeitas na gestão de Duílio Monteiro Alves. Apenas na última semana de outubro de 2023, o Corinthians gastou R$ 32,5 mil no Oliveira Minimercado, cujo endereço, segundo apurou a promotoria, não consta “qualquer comércio ou resquício de comércio”.

Outras despesas constatadas foram com cerveja, picanha, sorvete, frutas, legumes, água sanitária, amaciante de roupas, detergentes, pizzas, peixes, doces, isqueiros, flores, ração animal, bijuteria feminina e cachorro de pelúcia. À época, o presidente se defendeu. “Supostas planilhas e faturas da minha gestão, divulgadas em perfis anônimos com objetivo político de assassinar reputações nas redes sociais, requeri ao clube acesso a tais documentos, a fim de que pudesse checar sua veracidade.”

A polêmica sobre uso indevido dos cartões corporativos veio à tona semanas antes, em junho, com faturas do cartão corporativo do clube vazadas nas redes sociais. O ex-presidente Andrés Sanchez admitiu ter feito uso, mas por engano, ao confundir seu cartão pessoal com o do clube durante uma viagem de Réveillon entre o final de 2020 e o início de 2021. O gasto foi de R$ 9.416 e, em contato com o Estadão, ele afirmou ter ressarcido o clube em R$ 15 mil.

Em 19 de julho, o Corinthians registrou boletim de ocorrência após ser constatado o sumiço de registros sobre controle de despesas. A ausência dos documentos foi percebida após Romeu Tuma Jr, presidente do Conselho Deliberativo, ordenar a preservação de todos os documentos correspondentes e de suporte dos últimos sete anos.

A diretoria acredita que os papéis foram subtraídos durante os incidentes de 31 de maio, quando o presidente afastado Augusto Melo apareceu no Parque São Jorge reivindicando o cargo com base em uma decisão tomada pela 1ª Secretária do Conselho Deliberativo, Maria Angela de Sousa Ocampos, que cancelou a reunião que deu andamento ao processo de impeachment contra o dirigente.

Uma grande confusão tomou conta da sede naquele dia e o Batalhão de Choque da Polícia Militar precisou ser acionado ao local. Apesar do tumulto, os argumentos de Augusto foram considerados sem base estatutária e Osmar Stabile se manteve na função de presidente interino.

Augusto Melo foi denunciado pelo Ministério Público por lavagem dinheiro, furto qualificado pelo abuso de confiança e organização criminosa, crimes aos quais é associado no inquérito policial sobre o Caso Vai de Bet. Ele nega todas as acusações, e sua defesa entrou com com pedido de rejeição sumária da denúncia do MP, “em razão das nulidades processuais, direcionamento indevido da investigação e incompetência material”.

Fonte: Site Oficial Terra

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