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Como funciona o novo laboratório que produzirá combustível verde em SP

LabH² tem 1 mil m² de área construída, pontos de abastecimento para carros, ônibus e caminhões e vai formar mão de obra especializada

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), vinculado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, inaugurou na quinta-feira, 9, o Laboratório de Hidrogênio, LabH². No local, será produzido hidrogênio para pesquisar como baratear seu preço, tornar seu uso mais eficiente e como armazená-lo de forma segura, além de como automóveis ou indústrias podem utilizá-lo. O objetivo do laboratório é acelerar o uso de hidrogênio no Brasil e facilitar a implementação dessa tecnologia, com potencial para reduzir significativamente as emissões de gás carbônico, o principal causador do efeito estufa.

O LabH² vai ainda formar mão de obra especializada por meio de cursos de pós-graduação e realizar projetos de pesquisa, em parceria com empresas, prefeituras e instituições de outros países, como a Alemanha e Portugal. O laboratório fica na Cidade Universitária da USP, na zona oeste de São Paulo.

São 1 mil m² de área construída, com dois pontos para abastecimento com hidrogênio, que permitirão atender tanto automóveis quanto ônibus e caminhões, e 30 técnicos especializados em energia renovável. O governo investiu R$ 50 milhões no local.



Laboratório de Hidrogênio tem 1 mil m² de área construída e dois pontos para abastecimento de carros, ônibus e caminhões.

Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

“Automóveis movidos a hidrogênio vão ser uma grande revolução”, afirmou Anderson Correia, diretor-presidente do IPT. “Além de não fazer barulho, a energia gerada pelo hidrogênio é limpa, enquanto a que vem do petróleo e do carvão é suja, polui.”

O LabH² é um exemplo de parceria entre a administração pública, o mundo acadêmico e a iniciativa privada, um modelo que pode alavancar projetos ligados à inovação. Na década de 1970, o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), por exemplo, colocou o Brasil na dianteira do desenvolvimento de bioenergia graças ao esforço conjunto de cientistas, empresas e poder público.

Modelos de automóveis a hidrogênio

A inauguração do LabH² ocorre em meio às negociações com quatro empresas — Toyota, Hyundai, GWM e Tupi —, além de parceria já assinada com a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU). Com as montadoras, Correia conta que a ideia é estimular a fabricação no Brasil de modelos de automóveis a hidrogênio, como os carros Hyundai Nexo e Toyota Mirai e o caminhão GWM Hydrogen Truck.

Esses modelos marcaram a abertura do LabH2. “Estamos testando como armazenar o hidrogênio dentro do motor para ficar o mais seguro possível, estudando qual o melhor metal a ser usado, como garantir a segurança em caso de acidente para que o hidrogênio não escape”, afirma o presidente do IPT.

A ausência de postos no País — devido à dificuldade e ao alto custo de armazenamento do hidrogênio — é um dos grandes gargalos para o uso de automóveis movidos pela substância. Por isso, o IPT já testa alternativas para esse armazenamento.



O LabH² fica na Cidade Universitária da USP, na zona oeste de São Paulo.

Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

“Vamos testar ônibus movidos a hidrogênio com a EMTU. A empresa gerencia 5 mil coletivos na Grande São Paulo. O governo do Estado pode criar postos de abastecimento com hidrogênio para esses ônibus, porque precisa ter uma demanda para funcionar. É isso que tentamos incentivar”, disse o presidente do IPT.

Como funciona

Com o LabH², o IPT passa a ter estrutura para produção, compressão, armazenamento e fornecimento de hidrogênio. A produção pode envolver processos que utilizam exclusivamente energia renovável ou também com baixa emissão, por exemplo, a partir do aproveitamento de resíduos. O hidrogênio é vantajoso tanto em usos de mobilidade quanto em processos de aquecimento na indústria, a exemplo da cerâmica e de metais.

No carro a hidrogênio, a energia usada para mover o veículo é produzida no motor, de forma constante, o que torna o veículo mais eficiente.

Assinado em 2015, o Acordo de Paris prevê esforços para limitar alta da temperatura global a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais (meados do século 19). Tecnologias que permitam uma transição energética são essenciais para evitar a queima de combustíveis fósseis.

Fonte: Site Oficial Terra

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