O segundo turno das eleições presidenciais na Bolívia reflete uma mudança significativa no cenário político do país, marcada pelo avanço de candidatos da direita e pelo enfraquecimento das forças de esquerda. A deterioração da economia boliviana nos últimos anos tem sido um fator determinante para essa transformação política. A análise é do professor de Relações Internacionais da FGV, Pedro Brites, no Agora CNN.
Pela primeira vez em quase duas décadas, o partido MAS (Movimento ao Socialismo) ficou fora do segundo turno. A disputa será entre dois candidatos de direita: Tuto Quiroga e Rodrigo Paz, uma situação que evidencia a atual conjuntura política do país.
Divisões internas e influência de Morales
A fragmentação da esquerda boliviana, especialmente a divisão entre Luiz Arce e Evo Morales, contribuiu significativamente para este cenário. Morales, que mantém considerável influência política, chegou a convocar a anulação dos votos no primeiro turno, impactando diretamente o desempenho da esquerda.
“Morales continua exercendo forte influência, principalmente entre as populações indígenas e as camadas mais pobres da sociedade boliviana. Na província de Cotabamba, sua base eleitoral, mantém expressiva popularidade, fazendo com que sua figura seja um tema central nos debates entre os candidatos do segundo turno, diz Pedro Brites.
Posicionamentos distintos dos candidatos
Os candidatos adotam posturas diferentes em relação a Morales. Tuto Quiroga assume uma posição mais incisiva, afirmando que cumprirá eventuais ordens judiciais contra o ex-líder. Já Rodrigo Paz opta por uma abordagem mais moderada, buscando atrair eleitores da esquerda.
A governabilidade do futuro governo é outro ponto crucial, considerando que nenhum dos candidatos possui amplo apoio político que garanta estabilidade, especialmente se não conseguirem resolver os problemas econômicos bolivianos no curto prazo.
Fonte: Site Oficial CNN Brasil
