Na missa por ocasião do Jubileu da Espiritualidade Mariana, Leão XIV advertiu para formas de culto que não ligam os fiéis aos, mas anestesiam o coração
Da Redação, com Vatican News
Foto: REUTERS/Vincenzo Livieri
O Papa Leão presidiu à Santa Missa por ocasião do Jubileu da Espiritualidade Mariana, com a participação de reitores e responsáveis de santuários, membros de movimentos, confrarias e grupos marianos de oração. Na Praça São Pedro, o Santo Padre se deteve diante da imagem original de Nossa Senhora de Fátima, que excepcionalmente deixou o santuário mariano português para estar presente também no Terço pela paz conduzido pelo Pontífice na tarde do sábado, 11.
A homilia do Pontífice foi inspirada na frase do apóstolo Paulo a Timóteo: “Tem sempre bem presente Jesus Cristo, ressuscitado de entre os mortos e nascido da linhagem de David” (2 Tm 2, 8). “A espiritualidade mariana, que alimenta a nossa fé, tem Jesus como centro”, reafirmou. “«Tem sempre bem presente Jesus Cristo»: só isso importa e faz a diferença entre as espiritualidades humanas e o caminho de Deus.”
Segundo o Santo Padre, é preciso que o domingo faça todos cristãos. Ou seja, que encha o sentir e o pensar com a memória incandescente de Jesus, modificando a convivência, a habitação na terra. Leão XIV afirmou que toda a espiritualidade cristã se desenvolve a partir deste fogo e contribui para torná-lo mais vivo. “Deus é puro dom, somente graça, mas quantas vozes e convicções podem separar-nos ainda hoje desta verdade nua e disruptiva!”, observou.
“Irmãos e irmãs, a espiritualidade mariana está a serviço do Evangelho, revelando a sua simplicidade. O afeto por Maria de Nazaré torna-nos, com Ela, discípulos de Jesus, educa-nos a voltar para Ele, a meditar e a relacionar os acontecimentos da vida nos quais o Ressuscitado ainda nos visita e chama. (…) Ela compromete-nos a saciar os famintos, a exaltar os humildes, a recordar a misericórdia de Deus e a confiar no poder do seu braço.”
Foto: REUTERS/Vincenzo Livieri
Cuidado com a instrumentalização da fé
Com efeito, prosseguiu o Papa, os leprosos que no Evangelho não voltam para agradecer, lembram que a graça de Deus também pode vir e não encontrar resposta, pode curar e não envolver.
“Tenhamos cuidado, portanto, com aquele subir ao templo que não nos faz seguir Jesus. Existem formas de culto que não nos ligam aos outros e anestesiam o nosso coração”, advertiu Leão XIV. Deste modo, o Pontífice alertou que não se vive verdadeiros encontros com aqueles que Deus coloca no caminho; não participa, como fez Maria, da mudança do mundo e na alegria do Magnificat. “Tenhamos cuidado com toda instrumentalização da fé, que faz correr o risco de transformar os diferentes – muitas vezes os pobres – em inimigos, em ‘leprosos’ a evitar e rejeitar.”
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Caminho de Maria é seguir Jesus
O Santo Padre reiterou: o caminho de Maria é seguir Jesus, e o caminho de Jesus é dirigir-se a todos os seres humanos, especialmente aos pobres, aos feridos, aos pecadores. Por isso, a autêntica espiritualidade mariana torna atual na Igreja a ternura de Deus, a sua maternidade. E citou um trecho da Exortação Apostólica Evangelii gaudium do Papa Francisco, que ele escreve que sempre que se olha para Maria, volta-se “a acreditar na força revolucionária da ternura e do afeto”.
O Pontífice então concluiu: “caríssimos, neste mundo que busca justiça e paz, mantenhamos viva a espiritualidade cristã, a devoção popular aos acontecimentos e aos lugares que, abençoados por Deus, mudaram para sempre a face da terra. Façamos disso um motor de renovação e transformação, como pede o Jubileu, tempo de conversão e restituição, de reavaliação e libertação. Que Maria Santíssima, nossa esperança, interceda por nós e oriente-nos sempre e para sempre para Jesus, o Senhor crucificado. Nele, há salvação para todos.”
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Fonte Site Oficial Canção Nova