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“Israel prefere negociar com o Hamas e evitar surgimento de interlocutor palestino”, diz especialista

De Jerusalém a Khan Younis, passando pela Cidade de Gaza, a segunda-feira (14) foi marcada por celebrações em torno da troca de reféns israelenses e prisioneiros palestinos. Os detidos, com perfis bastante distintos, foram em sua maioria libertados da prisão de Ofer, na Cisjordânia ocupada, e retornaram a Ramallah.

De Jerusalém a Khan Younis, passando pela Cidade de Gaza, a segunda-feira (14) foi marcada por celebrações em torno da troca de reféns israelenses e prisioneiros palestinos. Os detidos, com perfis bastante distintos, foram em sua maioria libertados da prisão de Ofer, na Cisjordânia ocupada, e retornaram a Ramallah.

Matthias Troude, da RFI em Paris

A libertação dos 250 prisioneiros, condenados por crimes de sangue, eram o principal objetivo do Hamas nas negociações de cessar-fogo realizadas em Sharm el-Sheikh, no Egito. Eles integram o grupo de 1.968 prisioneiros palestinos libertados por Israel.

“Esses prisioneiros, que cumpriam penas severas, não poderiam ter sido libertados de outra forma senão por meio de uma troca de reféns e prisioneiros, já que suas sentenças não tinham previsão de término”, explica Laetitia Bucaille, professora de sociologia política no Instituto Nacional de Línguas e Civilizações Orientais (Inalco).

“Dito isso, pode-se considerar que foi um relativo fracasso para o Hamas, pois os prisioneiros mais destacados, os mais conhecidos, não foram libertados”, continua a autora do livro ‘Gaza, qual futuro?, publicado pela editora Stock.

Marwan Barghouti foi impasse nas negociações

Marwan Barghouti é um dos prisioneiros de alto escalão que continuam detidos. Ex-líder de uma ala armada do Fatah, está preso desde a segunda intifada, em 2002, e defende há anos uma solução política para o conflito israelo-palestino.

Considerado por muitos como um possível “Nelson Mandela palestino”, Barghouti seria o candidato favorito em uma eventual eleição presidencial, prometida pelo atual presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, na Declaração de Nova York de agosto de 2025.

Os vetos repetidos de Israel à sua libertação seguem a tradição da direita israelense. “Benjamin Netanyahu prefere lidar com o Hamas a permitir o surgimento de um interlocutor político aceitável”, analisa Vincent Lemire, professor de história na Universidade Paris-Est.

“Netanyahu não quer parceiros para a paz, nem parceiros de forma alguma. Um certo número de prisioneiros foi retirado da lista de libertáveis no último momento. Eram membros do Fatah, portanto mais moderados, e foram substituídos por membros do Hamas condenados por crimes de sangue”, continua o especialista no conflito israelo-palestino.

A maioria dos outros 1.718 prisioneiros não tinha ligação com o Hamas

Além dos 250 prisioneiros palestinos condenados, Israel também libertou 1.718 prisioneiros que estavam detidos sem acusação formal, processo ou julgamento. Eles haviam sido presos em Gaza desde o início da guerra, preventivamente, para futuras trocas de prisioneiros e reféns.

“Tudo indicava que, na maioria dos casos, eles não tinham ligação com o Hamas”, afirma Vincent Lemire. “Os combatentes do Hamas foram, em sua maioria, mortos no local. Esses prisioneiros foram recolhidos um pouco aleatoriamente pelas operações do exército israelense. Estavam lá para servir como moeda de troca. E foi exatamente isso o que aconteceu.” Muitos desses prisioneiros relatam ter sofrido tortura por parte de seus carcereiros israelenses. Os palestinos, aliás, os consideram como reféns.

Fonte: Site Oficial Terra

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