Debate inteligente marcou o fim de uma das semanas mais importantes para os telejornais brasileiros
14 set
2025
– 14h19
(atualizado às 14h19)
No ‘Em Pauta’, da GloboNews, Octávio Guedes disse que Jair Bolsonaro teria o direito de cumprir a pena de 27 anos em regime domiciliar na sua mansão em condomínio luxuoso de Brasília.
Argumentou que dois ex-presidentes conseguiram prisão especial após condenação: Lula ocupou uma sala na Polícia Federal de Curitiba e Fernando Collor está ‘encarcerado’ em uma cobertura à beira-mar em Maceió.
Na sequência, Demétrio Magnoli fez o contraponto: não se pode normalizar que políticos — nem mesmo ex-chefes do Executivo — gozem de privilégios negados ao cidadão comum condenado pela mesma Justiça.
Citou as centenas de pessoas anônimas mantidas no presídio da Papuda após os julgamentos do 8 de janeiro, sem direito a nenhuma condição especial, enquanto “seu líder”, Bolsonaro, está em prisão domiciliar e poderá cumprir a sentença do STF longe de uma cela.
Na réplica, Octávio não discordou de Demétrio. Ele até relembrou outra situação de regalia: bicheiros cariocas que transformaram a prisão em spa, com direito a comida fornecida pelo “restaurante mais caro da zona sul do Rio”.
A divergência entre os jornalistas poderia gerar bate-boca acalorado, como já aconteceu algumas vezes no programa, mas acabou em risos.
Telejornalismo carece do contraditório
A cobertura do julgamento do ‘núcleo duro’ dos réus pela tentativa de golpe de Estado foi equilibrada em todas as emissoras abertas e nos canais pagos de notícias.
Não houve sensacionalismo pró ou contra Jair Bolsonaro e demais julgados, mas faltou pluralidade na análise das provas, dos votos dos ministros e da argumentação das defesas.
O clima de ‘condenação certa’ talvez tenha influenciado a TV a não dar atenção a possíveis falhas ou incongruências no processo.
Um dos poucos momentos de questionamento do desempenho da 1ª Turma do STF ocorreu na ‘Central GloboNews’, quando a apresentadora Natuza Nery disse não ter gostado do tom piadista de alguns ministros na hora da dosimetria, ou seja, a definição da duração das penas, já na parte final do julgamento. Na avaliação dela, o clima irônico foi inapropriado para a ocasião.
Fonte: Site Oficial Terra