O Dia Mundial da Menopausa é celebrado no próximo sábado (18). A data tem o objetivo de aumentar a conscientização sobre o climatério (que envolve desde a pré-menopausa até o pós-menopausa), as opções de tratamento e os sintomas que, muitas vezes, são pouco conhecidos ou confundidos com outras condições de saúde.
De acordo com um estudo realizado pelo Departamento de Dinâmica Populacional, da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, a estimativa é que 1,2 bilhão de pessoas estejam na menopausa e na pós-menopausa no mundo até 2030. No Brasil, são 30 milhões de mulheres vivendo essa fase, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar disso, houve, por muito tempo, a ausência de dados consistentes e pesquisas científicas robustas sobre os impactos da menopausa na vida das mulheres, o que contribuiu para a perpetuação de estereótipos, como a ideia de que a fase é caracterizada apenas pelas ondas de calor e variação de humor.
No entanto, os sintomas vão além: fadiga extrema, mudanças de humor e irritabilidade são alguns exemplos, como aconteceu com Maria Cândida, jornalista e ativista da maturidade. “O processo da menopausa, para mim, foi muito difícil. Eu sou uma mulher que trabalha muito, que tem muita energia, e, de repente, por volta dos 48 anos, eu me vi exausta, com uma fadiga extrema”, relata à CNN.
“Eu comecei a ter uma irritabilidade absurda, a ponto de as pessoas que trabalhavam comigo fazer grupos paralelos de WhatsApp para falar da minha irritação, que eu estava impossível. Tudo para mim era um problema (…) E essa irritabilidade é reportada por milhões de mulheres que passam pela menopausa”, conta. “Outro sintoma que me prejudicou muito no meu dia a dia foram os esquecimentos”, completa.
Autora do livro “Menopausa como Jornada”, lançado em junho deste ano, a comunicadora criou o encontro Menopausa Summit, que se tornou o maior evento dedicado à menopausa, saúde feminina, bem-estar, sexualidade e longevidade. O encontro acontece nesta sexta-feira (17), no Unibes Cultural, em São Paulo, com 10 painéis em formato de talks, conduzidos por Maria Cândida, e participação de 15 médicos e especialistas na área.
“O evento surgiu da minha necessidade, e vendo tantas mulheres que também precisam, de informação segura”, afirma Maria Cândida. “Hoje sabemos que na internet e em outros veículos, nós temos, além da desinformação, infelizmente, temos informações muito confusas. E esses períodos da menopausa não foram tão estudados assim, até os médicos não têm uma formação na faculdade, mesmo nos Estados Unidos, que faça eles terem tanta expertise neste período da saúde da mulher. A saúde feminina, mais uma vez, foi deixada de lado e ficamos nesse ‘gap’ sem informação”, completa.
Veja sintomas físicos e emocionais da menopausa
Os meses ou anos que antecedem a menopausa são chamados de perimenopausa e são caracterizados pelas alterações hormonais que levam aos sintomas físicos e emocionais típicos do período.
De acordo com a Mayo Clinic, os mais comuns são:
- Menstruação irregular;
- Secura vaginal;
- Ondas de calor;
- Suores noturnos;
- Problemas de sono;
- Mudanças de humor;
- Névoa mental (dificuldade em encontrar palavras e lembrar o que estava falando).
Porém, os sintomas podem ir além incluir condições que envolvem a sexualidade e saúde mental. É o caso da perda de elasticidade e secura vaginal, que pode contribuir para desconforto e sangramento durante a relação sexual. Outro sintoma que pode acometer algumas mulheres é a diminuição da libido.
De acordo com a Menopause Society, esses sintomas caracterizam a síndrome geniturinária da menopausa, que está associada à deficiência de estrogênio. Problemas urinários também podem surgir, como sensação de queimação ou dor ao urinar, aumento da frequência ou urgência para fazer xixi e aumento do risco de infecções do trato urinário. Isso também acontece devido à queda do nível de estrogênio, que ajuda a proteger a saúde da bexiga.
Também é comum o aumento de peso durante e após a menopausa. Segundo a Mayo Clinic, isso acontece porque o metabolismo fica mais lento, levando à diminuição da queima de calorias.
Em relação à saúde mental, a redução dos níveis de hormônios femininos interfere com a liberação de neurotransmissores essenciais para o funcionamento do sistema nervoso central. Isso leva a sintomas como irritabilidade, instabilidade emocional, depressão, ansiedade, melancolia, perda da memória e insônia.
Estudos já mostraram, inclusive, que a menopausa pode contribuir para o desenvolvimento da depressão, de acordo com a Sociedade Brasileira de Climatério (SOBRAC). A condição durante o período de perimenopausa é frequentemente associada ao histórico de depressão anterior, a uma transição da menopausa mais longa ou a sintomas severos relacionados à menopausa, como fogachos.
Tratamento para menopausa
O tratamento para menopausa, geralmente, inclui a reposição hormonal, que consiste no uso de hormônios como estradiol, testosterona e progesterona, a fim de restabelecer o equilíbrio e reduzir os sintomas decorrentes da queda desses hormônios.
De acordo com Marisa Teresinha Patriarca, coordenadora do setor de climatério do Serviço de Ginecologia do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (HSPE), o uso de reposição hormonal pode melhorar a qualidade de vida da paciente, e a terapia, no geral, é bem tolerada.
No entanto, o tratamento é individualizado para cada caso, sendo necessário colocar na balança as oportunidades e riscos antes de iniciar a terapia hormonal. Mulheres com risco cardiovascular e que passaram pelo câncer de mama não devem realizar a reposição de hormônios.
Fonte: Site Oficial CNN Brasil