Magistrado votou pela absolvição total do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de mais cinco aliados
11 set
2025
– 00h29
(atualizado às 00h35)
A expectativa para o voto de Luiz Fux era alta, mas, apesar disso, era difícil imaginar que a sessão que começou às 9h14 terminaria apenas quase 23h após quatro pausas durante a cerca de 14 horas da sessão. Para atender o pedido do magistrado em não ser interrompido, os ministros mantiveram os microfones desligados. O celular e as anotações foram as grandes companhias dos colegas de 1ª Turma do STF ao longo do dia.
Logo no início da leitura do voto, Fux divergiu de Moraes e animou os bolsonaristas. No entanto, os indícios não foram suficientes para diminuir a inquietude de Paulo Amador, um dos advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em 2 horas de julgamento, ele já tinha deixado o plenário três vezes.
Entre advogados, deputados e imprensa, murmúrios e expressões de surpresas. Mais uma vez, o volume alto do celular gerou constrangimento para um dos presentes na plateia, que checava a transmissão online do julgamento.
Descontração de Dino
O ministro Flávio Dino cumpriu a promessa feita a Fux e não fez nenhuma interrupção ao longo de toda a sessão. Mas, claramente, foi o mais impaciente entre os ministros. Mexeu várias vezes no celular e até se desconectou com o mundo real. “Sobre Mauro Cid, o senhor já votou?”, questionou ele, mais de 2h após Fux ter analisado as condenações contra o delator. “Absolvendo ou condenando?”, seguiu ele, que ainda emendou: “Um, dois ou três crimes?”, replicou.
Quando Fux pediu uma pausa quando estava perto de completar 9 horas de voto, ele levou as mãos à cabeça. Mais perto do fim, quando Zanin e Fux discorriam sobre uma decisão do Congresso, interveio em tom de ironia e impaciência. “Não precisa votar de novo em relação a todos os réus, só o último”, disse, com olhar de desespero. “Obrigado por cuidar da minha saúde”, respondeu o ministro.
Alvo de várias indiretas de Fux, Moraes evitou trocar olhares com o colega e tomou muitas anotações durante o voto. A ministra Cármem Lúcia, que será a primeira a votar na abertura do 5º dia de julgamento nesta quinta, seguiu a cartilha de comportamento do relator da ação da trama golpista e foi vista escrevendo o tempo todo, aumentando a expectativa para o seu voto, que pode determinar a maioria do STF para condenar Bolsonaro.
O único a encarar Fux ao longo da quarta-feira foi Cristiano Zanin, presidente da 1º Turma, e que em vários momentos questionou por mais quanto tempo o magistrado precisava para terminar o voto. “Fico até a hora que for preciso”, respondeu o ministro.
Mais uma vez, o advogado Matheus Milanez, da defesa do general Augusto Heleno, brincou com a dificuldade de se alimentar durante as longas sessões do julgamento. Nas redes sociais, ele publicou uma selfie e escreveu: ‘Gostaria de jantar’. No dia anterior, Dino já tinha arrancado risos do plenário ao se referir ao defensor e à pausa para almoço.
Comemoração bolsonarista x bronca dos governistas
O voto de Fux para absolver Bolsonaro de todos os crimes foi muito comemorado pela defesa do ex-presidente. “Foi um voto que acolheu na íntegra a tese da defesa. Absolutamente técnico, abordou as provas de forma exaustiva. Eu, pessoalmente, fiquei muito feliz”, afirmou o advogado Celso Vilardi.
Por outro lado, a base do governo ficou na bronca com o posicionamento do ministro e afirmou que ele estaria atuando como advogado de Bolsonaro. “O voto é longo, chato e inconsistente”, declarou o deputado Rogério Correia (PT-MG). “A culpa é dos peixinhos. Os tubarões? Não! Não fizeram parte de organização criminosa nenhuma”, ironizou o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ).
Preocupação com segurança
Por temor de eventuais protestos, a segurança no Supremo voltou a ser reforçada. A Corte solicitou o “máximo” de efetivo disponível para a fase de anúncio do resultado, com apoio da Polícia Judiciária e de equipes de tribunais superiores, incluindo tribunais do Distrito Federal e até de São Paulo.
Fonte: Site Oficial Terra