A PF (Polícia Federal) indiciou 13 pessoas na investigação sobre uso de postos de combustíveis para lavagem de dinheiro pelo crime organizado, na investigação batizada de “Tank”, cuja operação foi deflagrada no fim de agosto.
Entre os indiciados, a PF lista os supostos líderes do esquema criminoso ligado ao PCC, como Roberto Augusto Leme da Silva, o “Beto Louco”; Mohamad Hussein Mourad, o “Primo”; Italo Belon Neto, o “Don Pepe”; Daniel Lopes e Rodrigo Renard Gineste.
Os investigados foram indiciados por organização criminosa, lavagem de dinheiro e ocultação de bens.
No relatório de 652 páginas da PF, ao qual a CNN teve acesso, a investigação conclui que todos os postos de combustíveis do grupo investigado foram utilizados na colocação e ocultação de recursos financeiros em espécie.
“Estimou-se que os postos analisados receberam ao menos R$ 133.775.341,42 em depósitos fracionados. Concluiu-se também que a existência massiva de transações entre postos de grupos societários distintos também configura indício de que os postos eram controlados em conjunto pela organização investigada”, diz a PF.
O relatório também aponta que a organização emprega “estratagemas voltadas a dificultar o rastreio e a identificação não só da origem, mas do destino dos recursos, inviabilizando a detecção de boa parte dos seus reais beneficiários”.
O relatório é parcial e a investigação continua. Ele foi enviado ao MPF (Ministério Público Federal) para oferecimento de denúncia. Como há investigados presos, há um prazo legal para indiciamento e oferecimento de denúncia durante o processo.
A fuga dos alvos
No relatório a PF também destaca a obstrução de Justiça e a fuga dos investigados um dia antes de a operação Tank ser deflagrada para cumprir 14 mandados de prisão, como revelou a CNN.
“Existem fortes indícios de que os investigados tenham sido “avisados” previamente sobre a deflagração da operação, uma vez que saíram de suas residências na véspera do dia 28, vários deles com indicativos de terem deixado os imóveis às pressas, e não mais retornaram”.
Nesse ponto, a PF diz que também foi constatada a prática do crime de obstrução/embaraço de infração penal referente à organização criminosa.
O relatório diz que as informações de inteligência apontam fortes evidências de que os investigados tenham sido “avisados” previamente sobre a deflagração da operação, o que motivou terem saído às pressas de suas residências na véspera do dia 28 de agosto. “Tais evidências acabaram confirmadas já pelas análises preliminares do conteúdo dos celulares apreendidos na deflagração.”
Nos diálogos mantidos entre Gerson Lemes e Thiago Augusto de Carvalho Ramos, a PF detalha a negociação deles para sair de casa.
Ambos demonstram preocupação com a apreensão de aparelhos celulares e discutem alternativas de deslocamento e hospedagem, inclusive mencionando a troca imediata de aparelho telefônico.
“Não há dúvidas de que ao menos os investigados foram avisados da operação policial do dia 28/08/25 e disseminaram tal informação”, concluiu a PF.
Dos 14 alvos no dia da operação, oito fugiram e estão na Difusão Vermelha da Interpol como foragidos internacionais, entre eles, “Beto Louco” e “Primo”.
Apesar de o relatório apontar a obstrução à Justiça ser enviado, a investigação continua na PF do Paraná em relação ao caso.
A CNN busca a defesa dos citados.
Fonte: Site Oficial CNN Brasil